Há um incômodo claro nos ataques contra Jerônimo Rodrigues: ele não deveria estar onde está. Para muitos, é inconcebível que um homem nascido da roça, moldado entre terreiros, igrejas e salas de aula rurais, tenha se tornado governador de um dos estados mais potentes do país. E é justamente porque ele rompe com esse imaginário elitista que tentam reduzi-lo a uma frase fora de contexto. A fala sobre “enterrar numa vala” foi — para quem tem um mínimo de honestidade intelectual — uma crítica ao bolsonarismo como estrutura política opressora. Não às pessoas.
A elite brasileira exige que líderes do povo falem como ela. Querem que Jerônimo se curve às palavras amaciadas da tecnocracia. Mas ele não veio para repetir fórmulas. Ele veio para abrir caminhos, cavar trincheiras com a enxada da verdade. E por isso, toda vez que ele fala com autenticidade, incomoda. A tentativa de criminalizar uma metáfora popular é mais um capítulo da longa história de silenciamento do Brasil profundo.
Jerônimo não governa com o frio da caneta, mas com a chama do coração. Seu gabinete é o pé de umbuzeiro, o chão batido, a reunião com mães, quilombolas e jovens que sonham. Ele não está nas bolhas. Ele vive no Brasil real. E no Brasil real, falar em enterrar ideias ruins é uma forma legítima de dizer: chega. Basta. Que morra o ódio, e que nasça de novo o cuidado com o outro.
Por isso o atacam. Porque ele não apenas representa o povo — ele é o povo. E quando o povo governa, a elite treme. Não por medo da violência, mas por medo da verdade que vem com a enxada, com o caderno, com a fé e com a coragem.