A construção de uma nova ponte sobre o Rio Jequitinhonha, no sul da Bahia, está causando indignação entre os moradores de Belmonte. Com investimentos superiores a R$ 100 milhões, a obra é uma iniciativa conjunta da Veracel Celulose e do Governo do Estado da Bahia. Porém, em vez de comemoração, a infraestrutura está sendo criticada e chamada pela população de “Ponte da Traição”.
A ponte, com 360 metros de extensão e 9,60 metros de largura, conecta as rodovias BA-275 e BA-982 em uma área próxima à fábrica da Veracel, em Eunápolis. Segundo a empresa, seu objetivo é facilitar o transporte de madeira de eucalipto entre suas plantações e a unidade fabril.
No entanto, a localização da ponte — a mais de 80 km da sede de Belmonte — tem causado revolta. Moradores denunciam que a estrutura foi feita sob medida para os interesses logísticos da empresa, ignorando completamente as necessidades de mobilidade da população local.
Muitos acreditam que a ponte deveria ter sido construída próxima à sede do município, o que poderia impulsionar o comércio local, facilitar o turismo e melhorar a integração entre as comunidades da região. Para os moradores, o projeto atual representa um descaso com a cidade.
A polêmica se intensifica com o anúncio do desvio do traçado original da rodovia BA-001. Essa importante via estadual tradicionalmente corta Belmonte, integrando-a ao fluxo costeiro que liga Sergipe ao Espírito Santo. Com o novo traçado da BA-658, a cidade será ignorada pelo tráfego principal.
A mudança ameaça a atividade econômica ligada ao píer de Belmonte, ponto central para pescadores, comerciantes e turistas. A redução do fluxo de pessoas e mercadorias pode impactar severamente a economia da cidade, já fragilizada.
Diante dessa realidade, a população começou a se mobilizar. Manifestações estão sendo planejadas por líderes locais para exigir que a ponte e o traçado da rodovia sejam revistos, de modo a incluir Belmonte no mapa de desenvolvimento da região.
Até o momento, nem o Governo do Estado da Bahia nem a Veracel Celulose apresentaram respostas públicas às reclamações. Enquanto isso, a “Ponte da Traição” se transforma no símbolo de uma comunidade que se sente excluída e traída.